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Roberto Gómez Bolaños

(21/02/1929-)

Roberto Nasceu no Hospital Francês da Colônia do Vale, na Cidade do México, Roberto Gómez Bolaños, hoje mundialmente conhecido, nunca se esquece de suas origens.

"Sou da Colônia do Vale. Minha família vivia em uma casa que ainda permanece lá, com pequenas modificações; na esquina das ruas El Carmen e Central (hoje González de Cosío e Torres Adalid).

Este grande acontecimento [risos] se deu em 21 de fevereiro de 1929. Meus pais, Francisco Gómez Liñares e Elsa Bolaños Cacho, eram destacados artistas plásticos: meu pai, excelente desenhista e pintor, entre outras coisas, era responsável pelas capas de importantes revistas como El Universal Gráfico; minha mãe tinha habilidade de pintora de alta qualidade, embora não muito criativa."

Muito pequeno, vivera por pouco tempo em Cuernavaca, onde (Roberto supõe que por algum motivo muito grave) repetira um ano escolar, fazendo com que passasse a estudar junto com seu irmão mais novo, Horacio Gómez Bolaños. Por algum tempo, estudara no Colégio Brígida Alfaro. Alguns anos depois, entrara no Colégio México. Logo, a família Bolaños se mudaria para a rua Mier y Pesado.

Em 18 de setembro de 1945, então com 16 anos, se reunira com um grupo de rapazes, no Parque Central (hoje Mariscal Sucre), que objetivava não fazer nada. Estavam acomodados no parque quando um deles tivera a idéia de fundar uma associação e dar-lhe um nome. A idéia fora aceita por todos e logo fizeram uma eleição para decidir o nome do grupo. Após várias discussões, os nomes que permaneceram foram "Rialtos" e o atual "Aracuán".

"Na verdade foi uma época formidável, muito divertida. Sem descuidar dos nossos estudos, nos reuníamos simplesmente para cantar, escutar música, ir ao cinema e ao teatro. Sobrava tempo para tudo. Organizávamos nossas festas de aniversário do Clube Aracuán, desenhávamos os convites, escrevíamos."

Pouco depois, estaria cursando Engenharia Mecânica Eletricista na Faculdade de Engenheiros da Universidade Nacional Autônoma do México, que se encontrava no Palácio de Mineria. Fora um bom estudante, mas ainda melhor no futebol. Jogara nas forças infantis da equipe Marte. Além disso, também já fora boxeador e competira, com muito êxito, em um torneio chamado Guantes de Ouro.

Num certo dia, em 1951, decidiu trabalhar com algo mais sério; largou os estudos e se casou.

"Comecei trabalhando com algo relacionado à engenharia, como desenhista; me agradava, mas eu queria algo melhor. Vi um anúncio no jornal. Procuravam um aprendiz de produtor de rádio e televisão e um aprendiz de escritor dos mesmos.

Isso de produtor de rádio e televisão me pareceu muito atraente. Fui, ninguém me recomendou; era uma casona no Passeio da Reforma, perto de Cuauhtémoc. Tinha uma escada dessas duplas, e havia duas filas; na do lado direito estavam 200 pessoas e na outra, umas 15. Me perguntaram: "Para qual você veio?". Me informaram que a fila grande era para produtor, e eu pensei que era melhor a pequena, e assim ingressei na Publicidade Darcy, como aprendiz de escritor. Aprendi a escrever de tudo: jingles, slogans, programas de rádio e televisão, anúncios espetaculares, para imprensa, folhetos. E depois tive a oportunidade de escrever um programa de rádio com Viruta e Capulina. Me lembro que perguntei: 'Quem são essas senhoras?'."

E assim iniciava a carreira artística de um gênio; pois quem realmente escrevia os sketches que todos representavam, era ninguém mais que Roberto Gómez Bolaños.

Se casara e tivera 6 filhos, sendo 5 meninas e 1 menino (Roberto Gómez Fernandez), que hoje segue os mesmos passos do pai.

O programa Cómicos y Canciones fora um êxito no rádio; e maior ainda na televisão. Em uma ocasião um ator faltara e como Roberto havia escrito o roteiro, o substituiu. Assim se iniciava a carreira como ator. Sem dúvida, os programas escritos por Gómez Bolaños foram determinantes para o êxito de Viruta e Capulina. Quando ingressara no cinema, a dupla cômica o pediu que fosse escritor exclusivo de seus filmes. Seu ingresso como ator no cinema também foi por acaso. Se encontrava nos estúdios cinematográficos quando o produtor Miguel Zacarías soube que Viruta o chamava de Shakespeare (por ser um destacado escritor), então, Zacarías disse: "será Shakespearito [leia-se Chespirito], porque é 'chaparrito' (baixinho)".

E durante mais 10 anos (até a década de 60) passaria escrevendo os roteiros para o programa semanal já citado Cómicos y Canciones, que já era muito assitido.

Fora no ano de 1957 que se iniciara sua carreira como escritor de filmes, com a adaptação do filme Los Legionários. Um ano mais tarde era a carreira de compositor que se iniciava, com a trilha de Tres lecciones de amor.

Em 1960, seus programas já eram líderes de audiência no México: os dois programas que disputavam o primeiro lugar da televisão mexicana (El Estudio de Pedro Vargas e Cómicos y Canciones) eram ambos de sua autoria.

Algum tempo depois, em 1966, o famosíssimo ator Mario Moreno "Cantinflas" escolhera os roteiros do também já famoso Chespirito para uma série que se chamaria El Estudio de Cantinflas. Mas infelizmente, o patrocinador cancelou o projeto pelo custo que a série lhe pesaria.

"A vida tem sempre seus altos e baixos; digo isto porque quando Viruta e Capulina se separaram, passei por um tempo ruim, por falta de trabalho. Mesmo assim, nessa época nasceu o Canal 8 [a extinta TV TIM - Televisión Independiente de México] e me chamaram para escrever uns sketchs cômicos para Sábados de la Fortuna, e mais tarde me ofereceram um programa de meia hora produzido por mim."

Isto fora em 1968. Os programas produzidos por ele exibidos na época eram Los Supergenios de la Mesa Cuadrada e El Ciudadano Gómez, e eram exibidos aos sábados com 30 minutos de duração.

"O programa se chamava Los Supergenios de la Mesa Cuadrada, uma sátira dos políticos, o qual eu escrevia, dirigia e interpretava o personagem Dr. Chapatin. Depois surgiu o Chapolin Colorado e mais tarde, a vila do Chaves; este último teve e ainda tem, um êxito sobressalente em todo o mundo.

Para mim, isso se deve em grande parte ao elenco da vila, uma equipe inigualável de atores."

Em 1970, aos 41 anos, Gómez Bolaños ganharia uma hora às segundas-feiras em horário nobre para a exibição de seu novo programa, entitulado com seu próprio apelido (Chespirito). Nesse programa, ele soltava a imaginação, criando vários quadros dentro dele, onde haviam o Dr. Chapatin, o Pancada, o Chaveco, o Chapolin Colorado, o Chaves, entre outros. Os dois últimos seguiriam em programas separados, devido ao grande êxito. Todo o programa era escrito completamente e interpretado por Roberto e dirigido por Enrique Segoviano.

O seriado Chaves se sobressaíra a todos os demais. Não sofrera muito para encontrar os atores. Já conhecia  Rubén Aguirre desde a época em que escrevia roteiros para a televisão. Maria Antonieta de Las Nieves, que fazia dublagens e narrações em contos e programas infantis no canal, chamou a atenção de Chespirito por sua linda voz. Ramón Valdés fora chamado por sua qualidade como comediante.

"Ramón Valdés foi o único ator que me matou de rir, me mata de rir nos ensaios e agora que vejo os programas volto a morrer de rir."

Logo chamaria Florinda Meza, quem via trabalhar no canal (alguns dizem que como atriz; outros, que era auxiliar de limpeza). Depois chamaria Edgar Vivar, que era médico, mas tinha vocação para a atuação. Chespirito lhe dera a grande oportunidade de fazer o que mais gostava, o apresentou um tal Sr. Brambilla, que não hesitou em tomá-lo. Logo chamou Carlos Villagrán, que era amigo de Rubén Aguirre; era jornalista de um diário conhecido. O conhecera em uma reunião de amigos na casa de Rubén Aguirre, onde esse fazia um ventríloquo e Carlos Villagrán o boneco.

"As bochechas inchadas me chamaram a atenção e achei que podia ser a contraparte do Chaves."

 

Chespirito o chamou a fazer parte do elenco da série. Finalmente chegaria Angelines Fernández, uma famosa atriz no México, e Horacio Gómez Bolaños, que nunca quis trabalhar como ator, já que fazia a parte de marketing da série, ao ser popular.

Em 1978, numa visita ao Chile com todo o elenco, iniciava o romance entre Roberto Gómez Bolaños e Florinda Meza. Em uma noite em um hotel de Santiago tomaram a decisão de ficarem juntos.

No mesmo ano, com os mesmos atores de Chaves, Chespirito fizera seu primeiro longa-metragem, que se chamara El Chanfle, dirigido por Enrique Segoviano e produzido pela Televicine S.A. (parte da Televisa responsável pelos filmes). Dois anos mais tarde, devido ao sucesso do primeiro filme (esse rompera todos os recordes de bilheteria do México na época), fora produzido El Chanfle 2, com os mesmos atores e o mesmo êxito.

Seguira gravando os programas, até que um dos atores, Carlos Villagrán, se separara do grupo, para protagonizar uma série, na Venezuela. Ao mesmo tempo, Ramón Valdés saíra e fizera parte do elenco do programa de Villagrán. Ramón Valdés ainda voltara, mas falecera meses depois.

Já na década de 90, Gómez Bolaños resolvera voltar a realizar o programa Chespirito, com os mesmos quadros. Durante o ano de 85, escrevera, produzira, dirigira e atuara no filme Charrito, além de compor sua trilha sonora.

A série que se iniciara fora gravada durante 5 anos, quando se acabaria de vez os personagens Chaves  e Chapolin, e a carreira de Chespirito como ator de televisão.

Chespirito lembra que a criação do Chapolin, o herói das anteninhas de vinil, foi "friamente calculado". Na realidade o criou pensando em outros atores, porém como estes o recusaram teve que assumir pessoalmente.

"O Chaves, ao contrário, nasceu improvisadamente, mas superou  Chapolin porque me trouxe o carinho das pessoas. O programa sobreviveu a saída de Carlos Villagrán, porém depois chegaram as mortes de Ramón Valdés, Angelines Fernández e Raúl Padilla e eu fiquei velho.

São coisas do passado. Os dois personagens cumpriram seus ciclos."

Iniciou sua carreira como produtor em 1991. Chespirito chegou até a ser diretor geral da Televicine. Segue a carreira como escritor, produtor, compositor, diretor, e está no teatro, na peça 11 y 12, desde 1992.

Bolaños afirma ser, além de tudo, o favorito de Deus, por sua exitosa carreira artística.

"Meu êxito se deve, também, a condição de escrever por cima da minha condição de ator ou diretor, mas sobretudo porque sou algo assim como o favorito de Deus".

Repartir a fama não é fácil, é uma tarefa muito complicada que Roberto tem realizado graças a sua grande qualidade humana, seu companheirismo e uma grande visão para chamar para trabalhar ao seu lado atores com o mesmo espírito de entrega. Além disso, os roteiros de Gómez Bolaños têm essa marca de participação equilibrada, que permite a todo o elenco brilhar de seu jeito. Os programas do Chaves foram dublados para quase todos os idiomas. Deve ser muito engraçado escutá-lo falar em inglês, francês ou italiano e até em russo, chines ou japonês.

Sabemos que fazer rir é algo muito difícil, mas fazer rir gente com diferentes costumes é algo que somente poucos conseguem.

Site oficial de Roberto: La Casa de Chespirito

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